Cotidiano de uma brasileira em Paris, comentarios sobre cultura, politica e besteiras em geral. Entre le faible et le fort c'est la liberté qui opprime et la loi qui libère." Jean-Jacques Rousseau

Saturday, February 19, 2005

Fim de semana

Cinema, cinema, cinema...Temos ido quase dia sim-dia nao. Isso porque aqui existe a possibilidade de ter uma 'assinatura' de cinema que funciona da seguinte maneira: preenche-se um formulario do grupo de cinema UGC, paga-se 18 euros por mes, eles mandam um cartao pra gente com a nossa foto e um numero de inscricao, e entao podemos ir ao cinema quantas vezes quisermos pra ver o filme que quisermos, qualquer dia a qualquer hora sem pagar extra, mesmo se quisermos ver o mesmo filme diversas vezes. A gente tem essa 'assinatura' ha mais ou menos 2 anos e ate' hj nao me arrependi. E' diversao garantida e o preco e' justo, considerando que um ticket de cinema 'avulso' custa 9,40 euros. Se a gente assiste 2 filmes por mes ja' sai mais barato.

Outro esquema de filmes aqui que eu acho super interessante e' a locadora virtual. Chama-se Glowria (www.glowria.fr) e consiste em pagar 30euros por mes e alugar quantos DVDs quiser. Temos uma lista de filmes no site deles que queremos assistir eles entao mandam 5 filmes pra gente na primeira vez. A gente assiste 3, manda de volta, e fica com 2. Eles olham na nossa lista os proximos 3 filmes que queremos e mandam pelo correio, e assim por diante.


Mudando radicalmente de assunto, ontem fomos ao memorial do Shoah, ou Holocausto. Esse ano e' o aniversario de 60 anos do fim da 2a. Guerra Mundial e da liberacao dos prisioneiros judeus dos campos de exterminacao/concentracao Nazista e a cidade de Paris junto com o Presidente Jacques Chirac inauguraram no fim de janeiro deste ano um memorial no bairro Marais em Paris - um bairro tradicionalmente judeu -- para relembrar todos aqueles Franco-judeus que foram deportados da Franca pela policia francesa durante a guerra.
Fiquei comovida quando entrei. A primeira coisa que vemos quando entramos e' um conjunto de paredes de pedra com 76,000 nomes de judeus exterminados na guerra.
O mais impressionante e' que quando tentamos imaginar quantas pessoas mais ou menos em termos de quatidade fisica 76,000 representam, nao da' direito. A mente engana. Entretanto, quando vemos os nomes na pedra...e' pesadissimo. Mexe com a cabeca e com o coracao de uma maneira bizarra porque nenhuma outra coisa seria capaz de provocar o mesmo tipo de choque na mente/coracao humano. O memorial em si e' simples e por ser simples o efeito e' ainda mais profundo. No primeiro andar existem exposicoes de fotos e arquivos da policia da epoca, alem de cartas. No subsolo o bicho pega. Objetos (colheres, cumbucas, roupas, estrelas de David em tecido e papelao) diretamente de Auschwitz. Videos explicando a "caca ao judeu" no mundo a partir da Babilonia. A propaganda Nazista por toda parte na imprensa da epoca. Livros anti-semitas. Enfim, coisas que se lessemos hj em qualquer jornal provavelmente pensariamos que quem escrever tal coisa tem que ser tratado por problemas mentais.
Nao posso dizer que 'curti' o memorial porque seria a palavra errada, mas estou grata por poder ter visto todas aquelas coisas. Grata por ter a vida que tenho, grata por ter que lavar a louca, por ter louca pra lavar, por ter uma casa, por poder ligar o aquecimento no inverno...por ter certeza que se ficar doente serei tratada.

Livro: Primo Levi, Se Isto E' Um Homem.

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