Vampiros Emocionais

A vida metropolitana pode trazer com ela muitas riquezas: intelectuais, econômicas, culturais, etc. Mas talvez a maior seja a que consiste em poder estudar a condição e natureza humana (se é que essa realmente existe) sem muito esforço e sem ter que ir muito longe.

Ha' varios tipos ou categorias de personalidades, categorias nas quais as pessoas se encaixam mais ou menos bem, obviamente. Existe, por exemplo, o (a) Bohêmio (a), o Palhaço, o Mulherengo, o Poeta (e seu primo pobre, o Pseudo-Poeta), o Sensìvel, o Atleta-Meio-Burro, o Malandro, o Intelectual (e seu tio, o Filosofo de Bar) enfim, traços que dominam numa personalidade e que fazem com que a pessoa em questão tenha a reputação de sua atividade preferida.

Eu tenho ca' com os meus butões (!), entretanto, que a categoria mais importante de todas, e a que mais deverìamos estudar, é a do Vampiro Emocional. Esta personalidade pode ser detectada à kilometros de distância se soubermos pra' quê estamos olhando. Ela não consegue se esconder por muito tempo, logo mostra à que veio, não consegue viver sem a dose quase diaria da energia alheia.

Os sintomas

São quase sempre os mesmos em homens ou mulheres, novos ou de mais idade, com estudo ou semi-analfa, e atinge, segundo eu, o estrato socioeconomico médio e alto-médio, na maioria das vezes.

Eles são, por cima:

• dificuldade em ouvir o que seu (dele) interlocutor esta' dizendo, ainda que seja em seu proprio interesse;
• tendência à obsessão com um ou dois aspectos de sua vida;
• mania de grandeza combinado com uma pitada (ou mais!) de complexo de inferioridade (não, não é mutuamente exclusivo);
• completa ou semi-completa falta de empatia para com os sentimentos/problemas dos outros;
• completa ou semi-completa falta de piedade pelos problemas alheios;
• piedade exagerada pelos proprios problemas;
• tendência à se auto-engrandecer às custas dos outros (esta é bem evidente logo de cara);
• falta de noção do tempo que "aluga" alguém com suas mazelas;
• volatilidade extrema

Logico que todos temos um ou dois destes "sintomas" - de vez em quando - mas o Vampiro Emocional tem quase todos, quase o tempo todo, ora um atras do outro, ora dois ou três juntos. Além disso, ele(a) não percebe que sua personalidade é poluìda dessa forma e tende a se sentir perseguido ou injustiçado quando os outros começam a se afastar.

Aì é que vem a temida "fase 2": a inveja, a infelicidade, a depressão, enfim, a derrocada total e inexoravel.

A literatura nos ensina muitas coisas sobre a condição humana, mas acho que ainda não conseguiu chegar muito perto dessa personalidade; talvez por meio de metafora (vampiros etc) mas não de maneira mais realista e digna de crédito. Ou talvez eu não tenha lido o suficiente!

À todos os citadinos: observem !