Carta

Certas coisas que gostaria de poder esquecer, constantemente voltam `a superficie, pra fazer sorrir, sim; mas a que preco, ja' que tudo nao passou de uma ridicula ilusao.
De todas a mais bonita.
Mas foi mesmo ilusao? Talvez nao, e isso e' ^&%*. Porque nao sei ainda?
Porque...porque...porque nao foi claro o suficiente, ora! Tudo o que aconteceu - o que, na verdade podemos dizer que foi nada - deve ter ficado em sua memoria tambem.
Porque voce nunca me disse a verdade: medo, orgulho, ou simplesmente falta de certeza de que era mesmo aquilo?
All of the above.
Mas que verdade dizer se eu nunca lhe fiz uma pergunta sequer sobre isso. Entao me fala, porque cantar pra mim porque me ver todos os dias porque correr atras de mim quando acha que eu nunca mais vou falar com voce mesmo sabendo que eu vou porque me dar estrelas e carregar minha bolsa na rua...mais carinhoso do que se tivesse me dito...aquelas 3 palavras que todo mundo diz...e que nao significam grande coisa.
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Retrato em Branco e Preto
(Jobim-Buarque)

Ja' conheco os passos dessa estrada
sei que nao vai dar em nada
Seus segredos sei decor.
Ja' conheco as pedras do caminho
e sei tambem que ali sozinho
vou ficar tanto pior.
O que e' que eu faco contra o encanto
desse amor que eu nego tanto, evito tanto
E que no entanto volta sempre a enfeiticar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num album de retratos
Eu teimo em colecionar.
La' vou eu de novo
Como um tolo procurar o desconsolo
que eu cansei de conhecer.
Novos dias tristes noites claras
Versos, cartas minha cara ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isto e' pecado e
trago o peito tao marcado
de lembrancas do passado
E voce sabe a razao.
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
a maltratar meu coracao.